No início dos anos 1990, Byrne começou a
criar uma série original, de sua autoria para a editora Dark Horse comics. Era
uma tendência geral na indústria da época que criadores estabelecidos que
trabalhavam para a Marvel e a DC levassem material original para outras editoras
ou criassem suas próprias empresas para publicar seus próprios trabalhos (um
grande exemplo disso foi a Image comics). Alguns desses criadores, incluindo
Byrne, Frank Miller, Mike Mignola e Art Adams, se juntaram para criar o selo
Legend na Dark Horse.
O
primeiro gibi de Byrne para a Dark Horse foi Next Men, uma obra que ele considerava mais sombria e realista do
que seus trabalhos anteriores. Os Next
Men eram cinco jovens que eram
produto de um experimento secreto do governo. Byrne disse “Pensei em ver o que eu poderia fazer com super-heróis no ‘mundo real’ e ‘explorar o impacto
que a existência deles teria’". Outros títulos de Byrne para a Dark Horse foram Babe e Danger Unlimited, um quadrinho para todas as idades sobre um grupo
de heróis do futuro que lutavam contra
uma ocupação da Terra por alienígenas.
Os Next Men duraram até a edição 30 em
1994, quando Byrne concluiu a série com intenção de retornar “em não mais do
que seis meses”. Byrne disse que “não contava com o quase colapso de toda a
indústria dos quadrinhos, que parecia ocorrer no mesmo momento em que Next Men chegava às prateleiras… agora,
com o Mercado indo tão mal, não acho que Next
Men teria muita chance, então deixo o gibi hibernar até o momento em que o
Mercado melhore".
A editora independente IDW reviveu os Next Men de John Byrne em 2010
relançando a primeira série em encadernados. Em seguida, a história original de
1995 que tinha terminado com um gancho, pode continuar.
Nos anos seguintes, Byrne trabalhou novamente para a Marvel, DC e outras editoras, incluindo na graphic novel de 1992 Green Lantern: Ganthet’s Tale com o escritor de ficção científica Larry Niven na DC.
Em 1989, Byrne escreveu Batman #433 a 435, de maio a julho de 1989, e no ano seguinte produziu uma graphic novel 3D com efeitos produzidos por Ray Zone.
Retornou à franquia X-Men na Marvel de 1991 a 1992, sucedendo o escritor de longa data Chris Claremont, que saiu depois de 17 anos trabalhando em vários gibis relacionados aos X-Men. O retorno de Byrne como novo roteirista foi breve. Ele escreveu apenas as revistas Uncanny X-men das edições 281 a 285 e 288 com o artista Whilce Portacio e X-men, edições 4 e 5 com Jim Lee como artista com quem e onde criou o vilão Ômega Vermelho.
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Ele
escreveu e desenhou outra personagem importante da DC de 1995 a 1998: a Mulher
Maravilha. Neste período, ele elevou a heroína ao status de deusa, que ascendeu
ao Monte Olimpo como Deusa da Verdade. Na época, Byrne colocou os holofotes
sobre personagens coadjuvantes como a Rainha Hipólita, dando a ela aventuras
próprias, mas reestabeleceu o status quo dos personagens em sua última edição
na revista.
Depois disso ele
assumiu o volume 4 dos Novos Deuses no final de 1996, como escritor e
desenhista das edições 12 a 15, dando continuidade ao reboot da série que tinha
sido renomeada como Jack Kirby’s Fourth
World (O Quarto Mundo de Jack Kirby,
numa tradução livre). Enquanto estava a frente desta revista, Byrne escreveu o
crossover Genesis, uma história
publicada semanalmente pela DC Comics em agosto de 1997. A série era desenhada
por Ron Wagner e Joe Rubinstein. Byrne também escreveu um romance em prosa da
Mulher Maravilha chamado (Mulher-Maravilha: Deuses e Deusas, numa tradução
livre).
Na
série Homem-Aranha: Gênese (Spider-Man: Chapter One, no original),
Byrne recontou algumas das primeiras aventuras do Homem-Aranha modificando
certos aspectos chave. No final de 1998, Byrne se tornou escritor da revista The Amazing Spider-man no final da série
na edição 440, no momento em que a Marvel tinha decidido relançar a revista. A
última edição de The Amazing Spider-Man foi a 441 ,de novembro de 1998,
com a Marvel a reiniciando com um novo número 1 em janeiro de 1999 com Howard
Mackie como escritor e Byrne no lápis. Ele fez o lápis das edições 1 a 18, de
1999 a 2000 e escreveu as edições 13 e 14. Em 1999, trabalhando com o artista
Ron Garney, Byrne escreveu as primeiras sete edições de uma nova série do Hulk,
assim como um anual.
De 1999 a 2001, Byrne retornou aos X-Men
para escrever e desenhar a série X-Men:
Anos Incríveis
(X-Men:
The Hidden Years, no original) que durou 22 edições. Ele explicou o
cancelamento da revista dizendo que “Fui
oficialmente informado ontem que, apesar do fato de elas serem lucrativas,
várias revistas X estão sendo cortadas por conta de sua redundância”.
Depois disso, Byrne decidiu nunca mais trabalhar para a Marvel.
Assim
como X-Men: Anos Incríveis, alguns
dos trabalhos de Byrne dessa época envolviam personagens e eventos em períodos
de tempo que não o presente e, em alguns casos, considerados “pulados”( como Marvel: The Lost Generation) ou
realidades alternativas (como Superman
& Batman: Gerações). Uma característica que todas essas series tinah em
comum é que os personagens envelheciam conforme a história avançava, coisa que
geralmente não acontece nas series regulares de HQs.
No início de 2003, Byrne passou dez
semanas como desenhista convidado na tira de jornal Funky Winkerbean. Ele fez isso como favor ao criador da tira, Tom
Batiuk, que estava se recuperando de uma cirurgia no pé.
A
maior parte de seu trabalho na primeira década do novo milênio foi para a DC
fazendo a Liga da Justiça, das edições 94 a 99 em 2004, co-escrevendo e ilustrando o arco “O Décimo Círculo” (Tenth Circle”no original)
junto com seu ex-colega de X-men, o roteirista Chris Claremont e com a arte
final de Jerry Ordway. Ainda na DC ele fez nesta época Patrulha do Destino,
Etrigan e trabalhou com Gail Simone voltando ao Superman em Action Comics das
edições 827 a 835 de 2005-2006. Em 2006, a mesma dupla trabalharia junta na
nova série do Eléktron, da qual Byrne desenhou as primeiras três edições.
Novamente
para a IDW, Byrne trabalhou na série FX
das edições de 1-6, escritas por Wayne Osborne, começando em março de 2008. Outros projetos dele na editora
incluem histórias nos universos de Star Trek e Angel (aquele personagem da
série de tv spin off da Buffy).
Seus
trabalhos em Star Trek incluem a última edição da mini-série Star Trek:
Alien Spotlight de fevereiro de
2008; Star Trek: Assignment
Earth de 1 a 5,
que ele descreveu como seu “fan fiction profissional”, Star Trek: Romulans
de 1 a 2; Star Trek: Crew (uma hq da Era do Kirk-Chris Pike) começou em
março de 2009; o capítulo final de sua história sobre os romulanos, uma
mini-série de quarto edições Star Trek: Leonard McCoy, Frontier Doctor que se passa
antes do primeiro filme de Jornada nas Estrelas; e a segunda série Assignment:
Earth
Seu
trabalho em Angel inclui Angel: Blood and Trenches (que se passa durante a Primeira Guerra
Mundial) de 2009; uma edição única de Angel vs Frankenstein de 2009; e
um tribute a Andy Hallett, Angel: Music of the Spheres de 2010 além de Angel vs Frankenstein II
de 2010.
Em 2011, ele trabalhou em Jurassic
Park: The Devils in the Desert, e Cold War (The Michael Swann
Dossier). Reviveu seus Next
Men em uma
nova série de 201o a 2011 chamada Aftermath. Outras obras suas
publicadas pela IDW incluem a mini-série de 2012 Trio e as mini-séries
de 2013 The High Ways e Doomsday.1
Com o passar dos anos, Byrne ganhou uma
reputação de figura controversa e ele mesmo observou que “como as pessoas que
já me sacaram dizem ‘eu não tenho saco pra gente burra’”. Comentaristas da
indústria observaram que as opiniões de Byrne o levaram a desentendimentos com
Peter David, Jim Shooter, Joe Quesada, Mark Evanier, Marv Wolfman, Dan Slott e
Erik Larsen.
Por exemplo, em 1981, Jack Kirby começou
a falar publicamente que se sentia injustiçado em relaçao aos créditos e ao
dinheiro que recebia como criador da maiorita dos personagens mais importantes
da Marvel. Byrne, então, escreveu um editorial declarando-se orgulhoso de ser
um “representante da empresa” e declarou que todos os criadores deveriam “viver
dentro das regras enquanto estão por aí”. Steve Gerber e Kirby ridicularizaram
o posicionamento de Byrne em Destroyer
Duck , desenhando-o como um personagem chamado Booster Cogburn (uma
brincadeira com o nome do personagem de faroeste Rooster Cogburn, mais conhecido no Brasil como Justiceiro Implacável ) que possuia uma coluna vertebral removível
e que existia apenas para servir como uma engrenagem em uma gigantesca
corporação que era dona dele:
Erik Larsen criou um vilão nos anos de 1990 para
sua série do Savage Dragon e a Freak Force chamado Johnny Redbeard, the Creator
(algo como Johnny Barba-vermelha, o Criador, em uma tradução livre) que é uma
paródia de Byrne e tem um crânio gigantesco, membros atrofiados e pode conceder
superpoderes indiscriminadamente:
Em 1982, durante uma discussão num
painel na Dallas Fantasy Fair, Byrne fez comentários pejorativos sobre o
escritor de longa data e ex-editor da Marvel, Roy Thomas. Depois que uma
transcrição do que foi dito durante o painel foi publicada na edição 75 do The Comics Journal de setembro de 1982,
Thomas ameaçou processar Byrne se ele não se desculpasse. Em uma carta
publicada na edição 82 do The Comics
Journal em julho de 1983, Byrne se
retratou dizendo que ele estava apenas repetindo o que tinha ouvido de outros e
escreveu “Eu simplesmente agi como um papagaio”.
Gail Simone, que trabalhou com Byrne em Action comics e na série do
Eléktron, o descreveu como “muito
opinativo; muitos artistas são opinativos, e tudo bem pra mim. Na verdade, acho
que John Byrne é brilhante e sua personalidade assertiva é parte disso”.
Byrne chama seu estilo de “uma coleção de influências” e cita Neal Adams, Jack Kirby e Steve Ditko como as influências primárias sobre seu estilo, mas continua a absorver ideias que vê e gosta continuando a mudar constantemente suas ferramentas e métodos.
![]() |
Arte dos artistas que influenciaram John Byrne a princípio. Na Ordem: Neil Adams, Jack Kirby e Steve Ditko |
Ele é daltônico para alguns tons de
verde e marrom. Durante os primeiros anos em que ilustrou o Punho de Ferro,
Byrne acreditava que a roupa do protagonista era marrom, mas, como se sabe, era
amarela. Nos anos 1980, ele experimentou usar como fonte para as falas dos personagens
e onomatopéias uma criada a mão por ele mesmo, mas passou depois disso a usar
uma fonte computadorizada feita com base na escrita do letrista Jack Morelli.
Byrne
já recebeu alguns prêmios: Artista de Quadrinhos Favorito no Eagle Awards de 1978 e 1979 e um Inkpot Award e 1980. Além disso, em
2008, foi nomeado para o Canadian Comic
Book Creator Hall of Fame (Hall da
Fama dos Criadores de Quadrinhos do Canadá) e em 2015, foi nomeado ao Will Eisner Hall of Fame.
Nascido
na Inglaterra, criado no Canadá, naturalizado cidadão dos EUA em 1988, casou-se
com a fotógrafa e atriz Andrea Braun Byrne, com quem permaneceu casado por
quinze anos. Criou o filho dela de outro casamento, Kieron Dwyer, a quem
incentivou a ser cartunista e que desenhou sua primeira HQ profissionalmente em
1987 em Batman 413, graças aos contatos
do padrasto.
Este,
senhoras e senhores, é John Byrne!
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