segunda-feira, 28 de novembro de 2016

SUPERMAN - ANÁLISE DE UM MITO AMERICANO PARTE 1 ASSIM NASCEU O SUPER-HOMEM



Eu vos anuncio o super-homem. O homem existe para ser superado. [...] Vede que sou um arauto do raio e uma pesada gota que cai da nuvem. Mas esse raio se chama super-homem”. 
Nietzche, Assim falava Zaratustra


              Friedrich Wilhelm Nietzche nasceu em Röcken, Alemanha, em 15 de outubro de 1844. Ele acreditava no super-homem e foi o primeiro homem responsevel pela criação do mito que conhecemos hoje. Com Nietzsche nasceu o nome e pore le o conceito foi esboçado.

              “SUPER-HOMEM (em alemão Übermensch). Tema derivado por Nietzsche de Goethe para designar o homem completamente transformado por uma educação nova, que julgava possível após o desaparecimento do cristianismo”.

            Ironicamente, o super-homem mais conhecido surgiria num país predominantemente cristao, e seria criado por dois adolescentes judeus que, provavelmente nunca tinham lido Nietzsche antes de criarem seu personagem. Jerome Siegel e Joseph Shuster nasceram em Cleveland, Ohio, Estados Unidos da América, em 17 de outubro e 10 de julho de 1914, respectivamente. Não tinham o costume de ler filosofia, mas consumiam avidamente literatura de ficção científica e revistas pulp.

              “Ao contrário de alguns de seus colegas, esses rapazes não tiravam notas excelentes, não se destacavam nos esportes e, o pior de tudo, não tinham ambições que seus pais pudessem se orgulhar e comentar com os amigos. Na verdade, eles se consideravam artistas, homens com imaginação original. É verdade que Siegel não era um Dostoievski e Shuster certamente estava longe de ser outro Da Vinci, mas, quando deixaram o colégio em 1934, os dois haviam criado o personagem mais interessante desde Huckleberry Finn: O Super- Homem”. (DOOLEY, 1998, p.23). 


             Siegel e Shuster eram artistas vivendo no período da Grande Depressão e precisavam se expressar. Criaram então um Fanzine chamado Science Fiction, que publicavam no jornal da escolar, “The Glenville Torch”. A terceira edição, publicada em janeiro de 1933, trazia um conto de oito páginas chamado “O Reino do Super-Homem”(The Reign of the Superman) e era assinado por Herbert S. Fine, um pseudônimo de Siegel (Segundo o autor, “uma combinação do nome de um primo com o sobrenome de solteira da minha mãe”) e ilustrado por Joe Shuster. 




          O personagem da história mais lembrava Lex Luthor do que o Superman. Era careca e tinha como objetivo a dominação do mundo. Contudo, algo importante já estava lá, nessa primeira versão: os superpoderes. O personagem tinha poderes mentais muito avançados e a super-visão telescópica.

      No entanto, foi numa madrugada insone de 1933 que Siegel concebeu a forma mais conhecida de sua lenda. Ele conta:

             “Era tarde da noite, estava tão quente que tive problemas para pegar no sono. Resolvi passar o tempo tentando encontrar elementos dramáticos para uma história de uma tira de quadrinhos. Uma premissa que eu já tinha concebido voltou à minha mente, mas agora tinha mais forma”.

            Primeiramente, Siegel teve a ideia do planeta Krypton explodindo e Kal-El sendo colocado no foguete por seus pais, chegando à Terra e sendo criado por um casal de seres humanos comuns. “Entusiasmo, pulei da cama e escrevi tudo. Voltei para a cama e caí no sono. Acordei um pouco mais tarde. Mais ideias me ocorreram. Esse Superman levaria uma vida dupla”.

Krypton explodindo no traço de Joe Shuster. 

     Logo em seguida, nasceria um dos triângulos amorosos mais famosos da literatura Americana, formado por Clark Kent, Lois Lane e Superman.

           Depois de escrever tudo, “muito mais tarde, voltei para cama. Eu era um cara feliz. Sentia que tinha encontrado os ingredients certos para uma tira de quadrinhos de arrebentar”.

          Todavia, como o próprio Siegel diria anos depois “Criar quadrinhos era fácil. Vendê-los não era”. 


         A partir de junho de 1935, Siegel e Shuster passaram a produzir esporadicamente histórias para a National Allied Publications, entre as quais estavem Henri Durval of France, famed soldier of fortune, Slam Bradley, Radio Squad, Federal Men, Dr. Occult: The Ghost Detective7, entre outros. Superman, porem permanecia no fundo da gaveta. O personagem já havia sido apresentado a vários syndicates8, e for a rejeitado por todos. O Bell Sundicate, por exemplo, respondeu aos autores assim:

      “Temos mercado apenas para as tirar que possuam apelo extraordinário e achamos que o ‘Super-Homem’ não se encaixa nessa categoria". O United Features Syndicate disse que o Superman era “um trabalho ainda muito imaturo"; O Esquire Features sugeriu que “se prestasse mais atenção ao desenho. O seu ainda é rude e parece haver sido feito às pressas”.

       Tudo isso mudaria graças a Max C. Gaines, um vendedor de Nova York, que, junto com a Eastern Color Printing, criara o comic book, em 1932, como brinde para seus clients. Naquele tempo, os livretos ilustrados eram compilações de tira de quadrinhos reajustadas para o formato de revista. A ideia foi um sucesso.

          Em 1938, Harry Donenfeld, novo dono da National Allied Publications, tentava desenvolver comic books temáticos, uma novidade para a época. A fim de criar sua Action Comics, Donenfeld contatou Gaines, que tinha amostras das tiras de Superman em sua mesa. Algumas semanas depois, Siegel recebeu uma carta solicitando treze páginas do Superman, “dentro de três semanas se possível”.

            Segundo Dennis O’Neil, escritor e editor da DC comics, antiga National Allied Publication:

        “Joe e Jerry recortaram as tirar e as remontaram para o format de revista e anexaram ao material uma página de indrodução, explicando a origem do herói [...]. Em junho de 1938 saiu a revista [Action Cmics #1] ao preço de dez centovos de dólar, contend a criação de Jerry e Joe. Hoje, um exemplar desta edição, em bom estado, vale mais de 10 mil dólares(O’NEIL, 1992, p.1).

A capa de Action Comics #1
        A revista tornou-se uma febre. Quando perguntados em pesquisa sobre o que os atraía tanto no gibi, os leitores responderam: Superman. A partir da edição 19, todas as Action Comics ostentavam o Homem de Aço em sua capa, que logo ganhou outras revistas, estas exclusivas: Superman, Superboy e Adventure Comics. Além disso, virou desenho animado, seriado de radio, de tv, livro e filme.

          Segundo uma reportagem do Saturday Evening Post, a receita bruta de Jerry iegel e Joe Shuster alcançava a soma de US$75.000,00 em 1940. Todavia, os direitos do personagem tinham sido vendidos por apenas 30 dólares e não mais pertenciam aos meninos de Cleveland. Ao ir para outros meios de comunicação, Superman ganhou novos inimigos, habilidades, coadjuvantes e se distanciou cada vez mais de seus criadores em todos os sentidos. Em 1948, Donenfeld demitiu Jerry e Joe.

          “Começaram então os longos anos de amargura e frustração, marcados por mais investidas legais e mal sucedidas para recuperar os direitos sobre o Homem de Aço. Apesar disso, Siegel foi readmitido no começo da década de 60 pela DC comics como roteirista, por um salário de vinte mil dólares, e Shuster, que já estava praticamente cego na época, por 7.500 dólares. Seus nomes agora não apareciam mais nas histórias do Super-Homem”(DOOLEY, 1998,p.26)

Jerry Siegel, o escritor
        Na década de 70, o president da Academy of Comic Book Arts na época, Neal Adams recebeu uma carta de um homem que relatava as precárias condições em que vivia, assim como as de um amigo. Quem assinava o triste relato era Jerry Siegel. Adams decidiu ajudá- los, considerando a situação toda uma grande injustiça.

         “Esses homens criaram o Superman’, disse Adams na reunião da Sociedade dos Cartunistas. ‘Superman. Não haveria super- herois sem eles. Esse gênero só existe por causa do que eles fizeram. Sem os dois, a maioria aqui nem teria emprego. Vocês ganham a vida graças ao trabalho deles. Agora, ambos estão em situação difícil’” (Wizard Brasil – Janeiro de 2004, p.71)


Joe Shuster, o desenhista
        Neal Adams fez tanto barulho que acabou atraindo a atenção de muita gente. Siegel e Shuster estavam na mídia novamente e a Warner Bros., dona da DC comics e dos direitos do Superman, não estava gostando do que os dois estavam dizendo.

        "Como resultado, Siegel e Shuster receberam não apenas uma conpensação por seu trabalho, mas o reconehcimento pela contribuição à cultura Americana. Até hoje, a frase ‘Superman criado por Jerry Siegel e Joe Shuster acompanha qualquer aparição do personagem, seja impressa, na televiseo ou nas telona”(Wizard Brasil – Janeiro de 2004, p. 71)

      Não seria uma surpresa se os estudantes do futuro, ao lerem sobre os grandes autores de mitologia dos grandes impérios, encontrassem em seus livros, bem próximo dos nomes Homero e Hesíodo comentários sobre Jerry Siegel e Joe Shuster, os meninos de Cleveland que inventaram “o mito do super- heróis Americano”. 

Fim da Parte 1
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário